Aprecio muito o trabalho da minha Mãe. Aliás, não é bem o trabalho dela, é a forma como ela o pratica. Eu sei que não é toda a gente que trabalha como Ela.
Bem, para quem não sabe, a minha Mãe é professora do Ensino Especial. Podia dizer muito mais que professora. A minha mãe é uma verdadeira heroína para mim, e para aqueles meninos tão especiais, de certeza. Dá-lhes afecto, carinho e amor. E isso é o mais bonito que há. Acreditem em mim, são raras as pessoas que conseguem estar sozinhas numa sala pequeníssima (mas muito acolhedora) com 5 ou 6 meninos especiais (acreditem, são mesmo especiais); beber da mesma garrafa de água que Eles, comer dos mesmos talheres que Eles comem, abraçá-los e beijá-los sem nenhum preconceito ou, desculpem o termo, "nojo". A verdade é que todos nós temos preconceito, de uma forma ou de outra.
Uma vez eu e as minhas irmãs fomos com a Mãe à escola dela, porque a minha mãe queria que nós vissemos como era lidar com estes meninos todos os dias. Não passou nem uma hora, desfiz-me em lágrimas. Não por estar assustada por estar lá. Mas porque estava com um sentimento que odeio: pena. Odeio ter pena de alguém. É horrível e muito triste.
Mas uma senhora disse-me: "Não chores, não é preciso. Eles são muito felizes, acredita. Mais do que tu, secalhar. Sabes porquê? Porque vivem no Mundo deles e não se apercebem da maldade que há na vida."
E nunca me vou esquecer destas palavras que me marcaram para sempre. Ajudaram-me muito a compreender, e no fundo a aceitar esta situação, porque os meninos não escolheram ser assim.
Aprecio muito o trabalho da minha Mãe, da Natália e das pessoas que dedicam parte do seu tempo a ajudar e a amar os "seus meninos" tão especiais.
Na verdade, cheguei à conclusão que aprecio tudo na minha mamã.
Ás vezes, sinto-me mesmo pequenina.